sexta-feira, 4 de julho de 2008

Um café e uma Sagres

“Todos os homens possuem um nervo invisível que lhes condiciona os passos, os movimentos, a reflexão, a vida. Descobrir esse nervo, essa interrupção constante na corrente das suas existências, faz parte do processo. Uma vez descoberto esse nervo, é como se pudéssemos ser a sombra de outrem.”

Acordei tarde. Não tenho já preocupações com o estudo nesta época estival. A consciência manda a ida à Faculdade, beber uma cerveja e descontrair. Há uns que passam: fatos impecáveis, limpinhos e lavadinhos, prontos para a oral em que se sentirão os vermes do mundo, a parte inferior de uma pirâmide que assenta no esterco, na hipocrisia, nos favores inconfessados de mestres da treta.
Dói-me a cabeça. Noite longa nas ruas fétidas de Lisboa. “Uma dose?” Não, obrigada. Já experimentei, já voei mas agora sei a cerveja e o moscatel é melhor que essa porcaria nojenta. A droga passa de mão em mão. Parece legal. Não é. Será?
Grito ainda palavras de ódio. Sim. Ninguém parece querer cumprir o seu dever. Sim, estou a falar contigo. Tu sabes M&M. A boca derrete-te mas as palavras, “leva-as o vento”, não foram capazes de destruir a inabalável preparação, o treino ardiloso que precede o teu concílio de meia dúzia de tipos com um número e uma propina anual. O teu dever é estudar. Todos os pais o dizem no primeiro dia. Eu estudo, papá… Muito! Já agora, preciso de dinheiro. Mais? Os livros, papá… Pois, Direito!
Que pensamentos me atormentam. Dignos de uma princesa perdida há muito no monte do crânio onde vais morrer comigo. Pêlos? Sim, uns quantos, na carinha imaculada e pura. Escondem um Robbespierre de ideias negras.
Paz. Há muito que falta. Parabéns pela nota. Demorou mas veio. Era muito injusto… Esse professor merecia umas palmadas no rabo. Vi antecipadamente e só que, um dia, estaria satisfeita a minha pretensão de cumprir o R.A.
Que lhe aconteceu? Nada.
E pode? Não.
Mas não lhe aconteceu nada? Não.
Não é injusto? É.
Mas aconteceu? Aconteceu.
Sagres. Fresca. “Um deles, no entanto, sofria mais do que os restantes com o ruído.”

Um comentário:

Vasco Miguel Casimiro disse...

Daqui a umas semanas virei aqui contar a minha história (com mais três companheiros do método B de D.I.E.) com pormenores lindos.

Cumprimentos

Vasco Miguel Casimiro